s clínicas particulares de Campinas (SP) estão enfrentando dificuldades com o desabastecimento da QDenga, vacina do laboratório japonês Takeda contra a dengue. O cenário é uma consequência da restrição imposta pela farmacêutica para assegurar a distribuição do imunizante pela rede pública.
De acordo com um levantamento realizado pela EPTV, os estoques são limitados e há estabelecimentos negando a venda para novos pacientes, pois temem que falte vacina para a aplicação da segunda dose, como relata o pediatra Cesar Sangred.
“A procura espontânea de pessoas que conhecem a clínica é muito grande, só que nós estamos tendo que negar, porque não temos como dar a primeira dose. Não temos e não teria nem a garantia de tomar a segunda. Vamos começar aplicando o esquema vacinal que eu não tenho certeza se vamos terminar três meses depois”.
Em um comunicado divulgado na segunda-feira (5), a Takeda informou que está concentrada em atender, de forma prioritária, ao Ministério da Saúde. A empresa diz que a medida é para apoiar o Sistema Único de Saúde (SUS) e promover o acesso da vacina de forma integral e gratuita para a população brasileira.
Exatamente por isso, a vacina QDenga nas clínicas particulares será limitado. No entanto, a fabricante garante que contratos firmados anteriormente serão honrados para não prejudicar as pessoas que já tomaram o imunizante. A decisão já tem impactado a rotina das unidades particulares que vendem a QDenga.
💉 Dos 13 locais consultados pela EPTV:
- Seis clínicas têm lista de espera de interessados em se vacinar
- Quatro clínicas têm estoque baixo
- Três clínicas estão sem estoque da vacina
Ainda segundo Sangred, por causa desse cenário, a clínica se limitará a atender pessoas que tomaram a primeira dose no local. Ele afirma que há relatos de pacientes de outras cidades que foram imunizadas em suas cidades de origem e agora buscam a unidade para a segunda.
“Nós vamos ter uma quantidade exata para quem tomou a primeira dose aqui. Questão logística. Ou [a pessoa] tem que tomar a segunda no lugar onde ela mora ou fica sem tomar, o que não é bom. Ela tem que completar, seja onde for. A procura espontânea, não só vinda das consultas que a gente faz”.
Desde 1º de janeiro de 2024 até esta terça-feira (6), Campinas já contabilizou 1.679 casos positivos da doença transmitida pelo Aedes aegypti. Não houve óbitos no período.
Em 2023 foram 11.269 infectados e três mortes, o que representa a 6ª maior epidemia na série histórica, iniciada em 1998.
Com a última atualização, os dados consolidados fizeram 2023 superar em 100 casos o ano anterior. O recorde é de 2015, quando a cidade registrou 65,6 mil confirmações e e 15 mortes.
De acordo com o boletim divulgado pela Prefeitura nesta segunda-feira (5) a cidade tem 20 novos bairros com alto potencial de transmissão. São eles:
- Centro
- Jardim Guanabara
- Jardim Novo Flamboyant
- Vila Estanislau
- Conjunto Habitacional Edivaldo Antônio Orsi
- Jardim Francisca
- Parque Santa Bárbara
- Real Parque
- Jardim do Lago
- Jardim Fernanda
- Jardim Irmãos Sigrist
- Jardim Antônio Von Zuben
- Jardim Leonor
- Jardim Sorirarama
- Núcleo Residencial Paranapanema
- Vila Santana
- Cidadade Satélite Íris
- Eldorado dos Carajás
- Jardim Adhemar de Barros
- Jardim Planalto de Viracopos
Atenção redobrada em 2024
A previsão de um crescimento expressivo de casos em 2024 levou a prefeitura a adotar uma série de medidas de combate ao mosquito transmissor. A “operação de dengue” – expressão usada pela própria administração municipal, envolve drones e a ajuda do Exército.
O Departamento de Vigilância Epidemiológica de Campinas (Devisa) realiza, desde o começo do ano, mutirões para remover possíveis criadouros do mosquito transmissor. O pacote de medidas prevê ainda, em caso de necessidade, entrada forçada em imóveis fechados.
🦟 A reintrodução dos sorotipos 3 e 4 fez o governo municipal entrar em alerta para uma explosão de casos, com a intenção de não enfrentar o cenário “dramático” de 2015, com 65 mil registros e dez óbitos.
O tipo 3 do vírus circulou em Campinas pela última vez em 2009, e o tipo 4 havia sido registrado anteriormente em 2014. Crianças, adolescentes, além de adultos e idosos que não tiveram contato com a doença anteriormente são os mais vulneráveis.
Além disso, há risco de dengue grave quando uma pessoa é infectada por tipo diferente ao anterior. As medidas definidas pela Secretaria de Saúde para evitar o cenário caótico envolvem divulgação de boletins semanais, mutirões a cada 15 dias, com operações “de guerra” e capacitação da rede saúde.
Orientações à população
🌡️ A dengue causa febre alta e repentina, dores no corpo, manchas vermelhas na pele, vômito e diarreia, resultando em desidratação.
🚨 Ao apresentar estes sintomas, o morador deve procurar uma das unidades de saúde da cidade para atendimento médico, segundo a Secretaria de Saúde.
A orientação da Secretaria de Saúde para pacientes com sintomas da dengue é a busca pelos centros de saúde. Os endereços e horários de atendimento estão disponíveis no site da pasta.
Veja algumas das medidas de prevenção:
- Utilize telas de proteção com buracos de, no máximo, 1,5 milímetros nas janelas de casa;
- Deixe as portas e janelas fechadas, principalmente nos períodos do nascer e do pôr do sol;
- Mantenha o terreno limpo e livre de materiais ou entulhos que possam ser criadouros;
- Tampe os tonéis e caixas d’água;
- Mantenha as calhas limpas;
- Deixe garrafas sempre viradas com a boca para baixo;
- Mantenha lixeiras bem tampadas;
- Deixe ralos limpos e com aplicação de tela;
- Limpe semanalmente ou preencha pratos de vasos de plantas com areia;
- Limpe com escova ou bucha os potes de água para animais;
- Limpe todos os acessórios de decoração que ficam fora de casa e evite o acúmulo de água em pneus e calhas;
- Coloque repelentes elétricos próximos às janelas (o uso é contraindicado para pessoas alérgicas);
- Velas ou difusores de essência de citronela também podem ser usados;
- Evite produtos de higiene com perfume porque podem atrair insetos;
- Retire água acumulada na área de serviço, atrás da máquina de lavar roupa.
Fonte da Matéria: www.g1.globo.com