Raiva. Tensão. Gritos. Deboche. Provocação. Clima hostil. Este era o ambiente que predominava quando a seleção brasileira feminina de vôlei tinha que enfrentar as russas em competições pelo mundo. E não era só dentro de quadra: a atmosfera afrontosa se dava nos corredores de hotel, por exemplo. A rivalidade, iniciada no começo dos anos 2000, colocou Gamova, Sokolova, Goncharova e companhia como as principais adversárias do país na modalidade.
O ponto inicial desta rivalidade surgiu nos Jogos Olímpicos de Atenas, na Grécia, em 2004. A seleção brasileira vencia por 24 a 19 – estava, portanto, a um ponto da decisão. As comandadas do técnico José Roberto Guimarães não só perderam o set, mas também o confronto no tie-break. Eliminação precoce para a candidata à medalha dourada, que sequer subiu ao pódio. Nascia, ali, o “fantasma russo”.
Ex-líbero da seleção brasileira, Fabi recorda, em entrevista à série Rivalidades do Vôlei, do “Esporte Espetacular”, que a “ficha demorou a cair” e não esquece das provocações da russas.
– Eu me lembro da sensação de incredulidade… o Brasil perdeu? Demorou um tempo para a gente realizar o que de fato tinha acontecido naquele jogo de semifinal. A partir dessa derrota ficou uma animosidade, amplificada nos encontros subsequentes. Elas provocavam, tinha um tom de comemoração mais alto, olhando para as adversárias.

Fabi Alvim recorda derrota para a Rússia em 2004 — Foto: Ronaldo Gonçalo