Mas, a contar pela estabilidade das pesquisas de opinião nas últimas semanas, a mudança de ventos, com a vitória trabalhista, é dada como certa. Jornais como “Financial Times”, “The Guardian”, “Independent” e até mesmo o tabloide “The Sun”, de Rupert Murdoch, que sempre apoiou os conservadores, deram apoio aos trabalhistas.
Em seu editorial, o “FT” considerou que o Reino Unido deve escolher entre um partido conservador polarizador, que limitou seu apelo a um segmento cada vez mais restrito da população, e um partido trabalhista, que parece querer governar para todo o país. “Os riscos de permanecer com os titulares exaustos superam os de trazer um novo governo. Grande parte do país anseia por um novo começo. O Partido Trabalhista deve ter a oportunidade de oferecê-lo.”
Os cinco governos tumultuados do Partido Conservador desde 2010 traduzem o cansaço do eleitor, que em 14 anos, enfrentou a dramática saída da União Europeia, os cortes de gastos em serviços públicos e assistência social, a pandemia do coronavírus e escândalos em série envolvendo seus líderes.
A insatisfação no país gira em torno do fraco crescimento econômico, do alto custo de vida, da preocupação com o sistema público de saúde e da desconfiança nos governos conservadores para solucionar a crise migratória.
Este desgaste conservador coincidiu com a aproximação dos trabalhistas ao centro. Após a dramática derrota eleitoral em 2019, o moderado Keir Starmer foi eleito líder, substituindo Jeremy Corbyn, representante da ala esquerdista do partido. Ele assumiu o leme e o direcionou para o centro, promovendo um expurgo dos setores radicais.
“Este expurgo transformou o Partido Trabalhista em uma imagem espelhada dos conservadores: obsequioso em relação às grandes empresas, defendendo a austeridade em casa e o militarismo no exterior”, analisou o jornalista britânico Oliver Eagleton, autor do livro “The Starmer Project”, em artigo publicado no “New York Times”.
Com esses argumentos, o novo líder trabalhista atraiu conservadores moderados e insatisfeitos, enquanto Sunak, isolado, perdeu os mais radicais para a extrema direita, do populista Nigel Farage.
Fonte: www.g1.globo.com