Bairros do Centro de São Paulo seguem sem luz nesta sexta-feira (22), após o apagão que atingiu a região na tarde de quinta (21).
É a terceira interrupção no fornecimento de energia para a região nesta semana.
Em nota, a Enel afirmou que os problemas iniciaram a partir de danos provocados em diferentes circuitos subterrâneos, e que o reparo é complexo e demorado, dada as dificuldades e especificidades desse tipo de rede.
As redes impactadas atingem as regiões de Higienópolis, Santa Cecília e 25 de Março. De acordo com a empresa, a 25 de Março e Higienópolis já tiveram o fornecimento reestabelecido.
Entretanto, até o início da tarde desta sexta, 60% dos clientes da Santa Cecília permaneciam sem energia.
A concessionária não informou a previsão de normalização para quem reside e trabalha no Copan. O edifício icônico tem cerca de 5 mil moradores e segue no escuro.
Alguns elevadores do prédio, que tem mais de 30 andares, funcionavam com geradores, mas os mais de 1060 apartamentos estavam todos sem luz.
República, Santa Cecília, Vila Buarque, Consolação, Higienópolis, Bela Vista e Centro Histórico estão entre os bairros mais prejudicados pelo problema na distribuição, que ocorre, de maneira intermitente, desde o início da semana.
Na segunda-feira (18), 35 mil clientes foram afetados. Na tarde de quarta (21), uma nova falha provocou um segundo apagão.
Na manhã de quinta (21), quando cerca de mil clientes permaneciam supridos por geradores até o final dos reparos na rede da distribuidora, uma nova falha interrompeu o fornecimento de energia da área.
Por conta dos frequentes problemas, a Prefeitura de São Paulo acionou novamente a Aneel e o TCU contra a Enel.
Comércio do Copan
Proprietários de uma sorveteria instalada no complexo do Copan contaram que mais de 3 mil sorvetes e 5 mil ovos correm o risco de estragar por conta da falta de energia elétrica.
Na publicação nas redes sociais, criticaram o serviço da Enel e classificaram a falha como “irresponsabilidade criminosa”.
Uma das mais antigas e tradicionais cafeterias da cidade, localizada no interior do prédio, não teve como abrir nesta sexta-feira por conta da falta de energia.
Enel
Em nota, a Enel lamentou os transtornos causados aos clientes que foram impactados nos últimos dias e disse que tem mobilizado todos os esforços e recursos para restaurar os parâmetros originais da rede afetada.
“O trabalho na rede subterrânea é complexo, envolve condições de temperatura e espaços confinados para acesso. A companhia está mobilizando um total de 25 geradores para abastecer os clientes impactados, enquanto segue trabalhando nos reparos da rede para normalizar integralmente o serviço”.
A companhia insiste que o apagão teria iniciado a partir de uma obra da Sabesp na Vila Buarque. Funcionários da companhia de abastecimento de água teriam puxado a fiação subterrânea durante uma escavação.
Já a Sabesp informou que “análises não identificaram relação do ocorrido com o trabalho da Companhia realizado na manhã de segunda-feira (18)”.
“No ponto específico onde estão localizados os cabos elétricos, a escavação foi feita manualmente. A Sabesp está à disposição da Enel e autoridades para prestar informações”, diz a nota.
Início do drama
O apagão no Centro de SP começou justamente na segunda (18), por volta das 10h30 da manhã e atingiu parcialmente pelo menos cinco bairros da região.
Pelo menos 35 mil usuários da rede foram afetados, segundo diretores da própria Enel. Casas e comércios e três hospitais ficaram no escuro.
Além da Santa Casa de Misericórdia, na Santa Cecília, o Hospital Santa Isabel e o Instituto do Câncer Doutor Arnaldo Vieira de Carvalho mantiveram as atividades essenciais a base de geradores.
Uma obra na rua General Jardim, na Vila Buarque, que pode ter sido a causa do apagão segundo a concessionária Enel, terminou antes que a luz voltasse em alguns imóveis. Até agora, ninguém assumiu a culpa pelo problema.
A Enel diz que a Sabesp puxou a fiação subterrânea durante uma reforma da tubulação de esgoto, que passa no mesmo ponto. E a Sabesp nega qualquer ligação entre o serviço e o apagão.
Jogo de empurra
Segundo a Enel, o apagão teria iniciado a partir justamente da obra da Sabesp na Vila Buarque. Funcionários da companhia de abastecimento de água teriam puxado a fiação subterrânea durante uma escavação.
Mas a Sabesp nega a acusação.
“A Sabesp de fato fez a escavação no local, existia sim, uma rede de energia elétrica, mas a princípio, por avaliações que nós fizemos, não houve um dano naquele local, na rede de energia elétrica. Contudo, nós estamos atuando em parceria, com as equipes a disposição para resolver o problema”, ressaltou Maycon Abreu, superintendente da Sabesp.
Equipes da concessionária e da Sabesp trabalham em parceria para analisar as causas da interrupção. Mas não deram previsão de quando vão religar a luz para todos os clientes afetados.
Cerca de 1% dos cabos de energia elétrica na capital é subterrânea e essa parcela está justamente na região do Centro. Na Rua General Jardim, onde fica a obra da Sabesp, moradores estão sem luz e sem água, já que a área está sem energia para bombear a água para os prédios.
Fonte da matéria: www.g1.globo.com